No texto anterior ao de hoje, Maria Madalena trouxe a notícia da Ressurreição aos discípulos incrédulos. Agora, é o próprio Jesus que aparece a eles. Não há reprovação nem queixa nas Suas palavras, apesar da infidelidade de todos eles, mas somente a alegria e a paz que já havia prometido no último discurso. Duas vezes Jesus proclama o Seu desejo para a comunidade de Seus discípulos – “A paz esteja com vocês”.
O nosso termo “paz” procura traduzir – embora de uma maneira inadequada – o termo hebraico “Shalom”, que é muito mais do que “paz” conforme o nosso mundo a compreende. O “Shalom” é a paz que vem da presença de Deus, da justiça do Reino, e não das armas.
Jesus não promete a “paz do comodismo”, pelo contrário, envia os Seus discípulos à missão árdua em favor do Reino. Contudo, Ele promete o “Shalom”, pois nunca abandonará a quem procura viver na fidelidade ao projeto de Deus.Jesus soprou sobre os discípulos, – como Deus fez sobre Adão quando infundiu nele o espírito de vida – e os recria com o Espírito Santo.
Normalmente, imaginamos o Espírito Santo descendo sobre os discípulos em Pentecostes, como Lucas descreve em Atos. Mas esse acontecimento é a descida oficial e pública do Espírito para dirigir a missão da Igreja no mundo. Para João, o dom do Espírito, que da sua natureza é invisível, flui da glorificação de Jesus, da Sua volta ao Pai. O dom do Espírito – neste texto – tem a ver com o perdão dos pecados.
Mais uma vez, num domingo, Jesus aparece aos discípulos. Desta vez, Tomé está presente.
Em Tomé, vejo a mim e a você quando – diante dos sofrimentos e tribulações da vida – vacilamos e quando duvidamos do poder do Cristo Ressuscitado. Todavia, como Jesus fez e disse a Tomé, Ele também faz e diz para nós. Primeiro, fortalece nossa fé e depois nos torna felizes, por acreditarmos sem O termos visto: “Felizes os que acreditam sem Me terem visto”.
Essa é muitas vezes a realidade da nossa fé – acreditar, contra todas as aparências, que o bem é mais forte do que o mal, a vida do que a morte, o “Shalom” do que a prepotência. Somente uma fé profunda e uma experiência da presença do Cristo Ressuscitado vai nos dar essa firmeza.
Tomé confessa Jesus nas palavras que o Salmista usa para Javé no Salmo 35,23. No primeiro capítulo do Evangelho de João, os discípulos deram a Jesus uma série de títulos que indicaram um conhecimento crescente de quem Ele era. Aqui, Tomé lhe dá o título final e definitivo: Jesus é Senhor e Deus!
Essa deve ser a minha e a sua atitude: confessar plenamente que Jesus é o Senhor! Ele, o Príncipe da Paz.
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